3.1.10

Leere


Não tenho mais mágoa em mim. Não foi rápido demais, eu nunca tive amor.
Nada que me furtasse a respiração por muito tempo. Nem que me fizesse gastar gotas de suor.
Por muito tempo alimentei algo parecido com a dor.
Não havia ferida em mim. Havia vazio. Aquilo que me preenchia, mesmo não sendo nada importante de fato, evaporou.
O vazio precisava de algo para não continuar vazio. Encheu de algo que de tão falso, era vazio. E me enganou. Por muito tempo. Hoje, convencida do oco que existe em mim, respiro. Não há nada entre mim e o resto do mundo. Absolutamente nada, só o nada.
A respiração não dói mais, viver não dói mais. Viver sem esperanças deixou de ser um suplício, viver sem nenhum motivo ou incentivo. Minha vida parou de interessar e eu perdi o interesse por todo o resto.
Agora eu vivo para mim. Vivo porque eu preciso disso. Algum dia eu desaprenderei a respirar. Procurarei respirar sem encontrar o fôlego. Algum dia mãos me segurarão na beira deste penhasco. E eu não precisarei cair. Nunca mais...
~*~R. Sant'Anna~*~

2 comentários:

Secreta disse...

Feliz 2010. Com paz interior e exterior.

Thomas disse...

Mocinha, vc é muito jovem para estar tão desiludida... ;)

Beijos!